Tarifas dos EUA Reduzem Produção de Açúcar no Nordeste em Mais de 41%

Por Redação Blog Folha do Araripe

Petrolina, 21 de outubro de 2025 – As tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros estão causando um impacto significativo na indústria sucroenergética do Nordeste do Brasil. Com o “tarifaço” de 50% anunciado pela administração Trump, a produção de açúcar na região registrou uma queda de 41,9% até o final de setembro, comparado ao mesmo período do ano anterior. Essa redução reflete a dependência das usinas nordestinas do mercado norte-americano, onde as exportações se tornaram praticamente inviáveis devido aos custos adicionais.

O Nordeste brasileiro, tradicional polo produtor de cana-de-açúcar, inicia sua safra entre agosto e setembro. Estados como Alagoas, Pernambuco e Paraíba são os mais afetados, com moagens reduzidas em meio à incerteza econômica. De acordo com dados recentes, a produção acumulada de açúcar na região Norte-Nordeste até agosto foi de apenas 187.119 toneladas, influenciada não só pelas tarifas, mas também por condições climáticas adversas, como chuvas atípicas que atrasaram a colheita. No entanto, o principal fator apontado por analistas é a barreira tarifária, que elevou o custo das exportações para além do sustentável.

As tarifas, implementadas a partir de 1º de agosto de 2025, adicionam 50% sobre todos os produtos brasileiros, somando-se a outras alíquotas existentes. Para o açúcar, isso representa um golpe direto, pois o Brasil é o segundo maior beneficiário da cota de importação tarifária dos EUA, com alocação de 155.993 toneladas métricas de valor bruto para o ano fiscal de 2026. No entanto, as exportações totais de açúcar brasileiro para os EUA caíram mais de 80% desde a imposição das medidas, com volumes despencando de 529.484 toneladas entre abril e agosto de 2024 para 184.681 toneladas no mesmo período de 2025.

Em setembro, o volume exportado foi de apenas 21,1 mil toneladas, uma redução de 84,2% em relação ao ano anterior.

Especialistas do setor alertam para um “efeito dominó” na economia regional. Usinas do Nordeste, que historicamente exportam para os EUA devido à proximidade geográfica e menores custos de frete, agora operam em “compasso de espera”. Muitas estão reduzindo a produção ou desviando para o mercado interno, onde os preços do etanol subiram após o aumento da mistura obrigatória na gasolina para 30%. No entanto, essa alternativa não compensa as perdas, podendo levar a demissões e fechamento de unidades.c05874 “O risco é de uma crise maior, afetando toda a cadeia produtiva”, comentou um representante do setor sucroenergético.

Apesar do cenário desafiador, a produção total de açúcar no Brasil para a safra 2025/26 é projetada em 44,7 milhões de toneladas, com o Centro-Sul compensando parte das perdas do Nordeste. Ainda assim, a região Nordeste, responsável por cerca de 3,5 milhões de toneladas na previsão, enfrenta uma safra marcada por yields industriais ligeiramente reduzidos, de 131,3 kg de açúcar total recuperável por tonelada de cana.

O governo brasileiro tem buscado negociações diplomáticas para mitigar os impactos, mas até o momento, as tarifas permanecem em vigor. Para produtores locais, a esperança reside em mercados alternativos, como a Ásia e a Europa, embora os custos logísticos sejam mais elevados.

Fontes consultadas:

Movimento Econômico: Tarifaço dos EUA reduz em 41,9% a produção de açúcar no NE

Valor do Rio Arinos: Exportações brasileiras de açúcar para os EUA despencam mais de 80% após tarifa de Trump

Cana Online: Exportações de açúcar aos EUA caíram mais de 80% após tarifaço

Nova Cana: Com tarifaço em vigor, usinas do Nordeste estão em “compasso de espera”

USDA Foreign Agricultural Service: Sugar Semi-annual Report for Brazil