Raça Pitbull: Riscos de Ataques em Espaços Públicos e a Irresponsabilidade dos Donos

Por Lusmar Barros, Folha do Araripe

01/10/2025

A questão dos pitbulls soltos em locais públicos, sem guia, coleira ou focinheira, tem gerado um debate acalorado no Brasil, especialmente em regiões como o Araripe, em Pernambuco, onde o blog Folha do Araripe tem destacado casos trágicos, como o ataque fatal a uma garotinha de 2 anos por um pitbull de estimação em seu quintal.

Essa matéria, publicada recentemente, reforça a urgência de uma reflexão mais profunda: por que uma raça com histórico de agressividade extrema continua a ser tratada com tanta leniência? Essa análise foca nos riscos reais, baseados em dados recentes, estatísticas e relatos, para alertar sobre o perigo iminente a crianças, adultos e outros animais, agravado pela negligência dos tutores.

O Perfil de Agressividade: Um Instinto Ampliado pela Criação Seletiva

Os pitbulls (incluindo variações como American Pit Bull Terrier) foram historicamente selecionados para lutas e caça, o que resultou em traços físicos e comportamentais que os tornam particularmente letais em ataques. Sua mandíbula poderosa, combinada com uma tolerância à dor acima da média e uma propensão a não soltar a presa (fenômeno conhecido como “bite and hold”), faz com que mordidas isoladas se transformem em massacres. Estudos epidemiológicos no Brasil mostram que crianças são as vítimas mais vulneráveis: entre 2020 e 2023, cerca de 20% das vítimas de mordidas de cães que buscaram atendimento eram menores de 14 anos, com pitbulls envolvidos em uma proporção desproporcional de casos graves.

Em 2024, pitbulls foram responsáveis por 84% das mortes por ataques de cães no país, totalizando 31 fatalidades de 37 registradas – um número 35 vezes maior que o de raças como o Fila Brasileiro, tradicionalmente visto como “guardião”.

No primeiro semestre de 2025, o Rio Grande do Norte já registrou 7 ataques, muitos envolvendo pitbulls mal socializados ou soltos.

O que torna isso alarmante é o padrão: os ataques não são “acidentais”. Relatos de 2025 mostram pitbulls invadindo fazendas e matando dezenas de animais de uma vez, como os 35 ovinos abatidos na Bahia por dois exemplares soltos.eea7e8 Em contextos urbanos, como praças e ruas do Araripe, o risco explode em áreas de grande aglomeração. Um vídeo recente de São Paulo flagrou um pitbull sem focinheira atacando uma cadela shar-pei em via pública, causando ferimentos graves – um lembrete de que esses cães não “escolhem” vítimas, atacando indiscriminadamente.011aca Crianças, com sua estatura baixa e movimentos imprevisíveis, são alvos ideais: em abril de 2025, um bebê de menos de 1 ano morreu em ataque de pitbull no Nordeste, ecoando casos como o de gêmeos recém-nascidos dilacerados em 2020 na Bahia.

A Irresponsabilidade dos Donos: O Fator Decisivo nos Ataques em Locais Públicos

Embora defensores da raça argumentem que “todo cão morde” e culpem apenas a criação inadequada, os dados desmentem essa visão romântica. Mais de 90% dos ataques fatais envolvem pitbulls de tutores que ignoram normas básicas de contenção – soltos em parques, sem supervisão ou com histórico de agressão ignorado.052ce8 Em 2024, pelo menos 13 ataques foram registrados nacionalmente, com 6 mortes, muitos em espaços públicos onde os cães “escaparam” ou foram liberados intencionalmente.1d4e01 No Araripe, o blog local relata que donos passeiam com pitbulls “livremente” em praças, criando um ambiente de terror latente: imagine uma criança correndo atrás de uma bola e cruzando com um animal de 30 kg treinado para dominar presas.

Discussões recentes no X (antigo Twitter) ilustram o pânico: um post de setembro de 2025 descreve o “desespero” de pais vendo pitbulls atacarem crianças pequenas em vias públicas, questionando por que a sociedade ainda tolera essa “roleta russa”.72fde3 Outro caso viral, de outubro de 2025, mostra um gato salvando uma idosa de 72 anos de um pitbull solto no Rio, mas isso é exceção – a regra é o caos, com vítimas sem “heróis felinos” para intervir.fe8a1d

Leis em Pernambuco: Existentes, mas Ignoradas – Hora de Ação das Autoridades

Pernambuco tem legislação rigorosa, mas a fiscalização é falha. A Lei Estadual nº 12.469/2003 e a nº 17.513/2021 proíbem a circulação de pitbulls sem guia, coleira e focinheira obrigatória, limitando o passeio a maiores de 18 anos e prevendo multas de até R$ 10 mil, além de apreensão do animal.98eafba7bd0c Municípios como Jaboatão dos Guararapes vão além, banindo a criação e circulação total desde 2008 (Lei nº 225/08).9e0fb3 Denúncias podem ser feitas ao Disque-Agentes da Saúde (136) ou à Vigilância Sanitária local, mas sem enforcement, as leis viram letra morta.

Vereadores e prefeitos do Araripe, como os de Ouricuri ou Bodocó, devem priorizar campanhas de conscientização, aumentar patrulhas em praças e endurecer punições. Projetos como o PLO 2996/2025 na Assembleia Legislativa propõem banir procriação e entrada de pitbulls no estado – uma medida urgente, dado o aumento de 27% nas mortes por mordidas de cães entre 2020 e 2023.

Conclusão: Um Alerta para o Araripe e o Brasil

Os pitbulls não são “demônios”, mas sua combinação de força bruta e histórico genético, somada à irresponsabilidade de donos que os tratam como “acessórios fashion” em vez de bombas-relógio, cria um risco inaceitável. Com crianças e animais inocentes pagando o preço – como na tragédia relatada pela Folha do Araripe –, é imperativo que autoridades atuem agora: fiscalize, eduque e, se necessário, proíba. Ignorar isso não é benevolência; é cumplicidade com o próximo ataque. A sociedade merece ruas seguras, não praças de batalha.